Taxa de juros alta é melhor para investimentos em renda fixa?
- Renda fixa
- 17 AGO 2020
- investo!
TL;DR: não!
Em momentos de alta na inflação, as taxas nominais de rendimento em instrumentos de renda fixa acordadas no momento do investimento (tanto pré quanto pós fixadas), tendem a ser negociadas em valores mais elevados.
Esse arranjo, em um primeiro momento, parece extremamente vantajoso, por gerar uma ilusão de maior rentabilidade em cima do capital investido. Contudo, o que se observa na prática é exatamente o processo inverso. Para fins de apuração de resultado, o rendimento real de uma aplicação deve levar em consideração a inflação do período, ainda que o índice não seja aderente à realidade do investidor.
Desconsideraremos a fórmula de cálculo nesse artigo, para focarmos no ponto principal: a verdadeira função de instrumentos de renda fixa. Títulos como CDB, letras de crédito, de dívida pública e até mesmo poupança são meramente mecanismos utilizados para tentar manter minimamente o valor do dinheiro ao longo do tempo. Ênfase em 'tentar'.
Dessa forma, não há 'renda' em renda fixa. Esse tipo de ativo financeiro deve fazer parte da carteira de investimentos sobretudo como forma de diversificação. Como têm grande previsibilidade, esses títulos atenuam a volatilidade e garantem liquidez em casos de quedas acentuadas de mercado, como a que vimos em decorrência da pandemia recente.
Títulos híbridos (como o Tesouro IPCA+ e alguns de emissão bancára) acabam tendo a rentabilidade prejudicada pela alta da inflação, uma vez que, para fins de tributação, todos os fatores de correção são considerados rendimento. Assim, um título que paga IPCA + 3%, por exemplo, pagará mais imposto conforme o indexador (nesse caso a inflação) for maior, o que torna a rentabilidade final menor.
No mesmo cenário, com a inflação em patamares inferiores, o investimento teria uma rentabilidade maior, ainda que os valores nominais negociados fossem menores. Portanto, é fundamental que o investidor entenda a finalidade dos instrumentos de renda fixa e sua dinâmica, de forma a mitigar eventuais flutuações negativas ao longo da jornada financeira.