Do ponto de vista especulativo, há diversas variáveis, atreladas ao mercado nacional e a fatores internacionais, capazes de diminuir a previsibilidade em relação ao futuro e, portanto, influenciar a cotação do dólar. Assim, a incerteza gerada por essa miríade de eventos altera consideravelmente a percepção de risco por parte dos investidores.

Crises em geral, não necessariamente financeiras, tendem a desencadear o fenômeno conhecido como 'flight-to-quality' ou 'flight-to-safety', que consiste na venda de ativos considerados de risco e conseguinte alocação de capital em investimentos tidos mais seguros como metais preciosos ou moeda forte, mesmo que isso acarrete menor retorno. O processo usualmente é acompanhado por uma demanda por títulos públicos em detrimento de ativos privados.

Recentemente, a crise sanitária desencadeada pelo COVID-19 provocou um choque do dólar principalmente porque o mercado não consegue estimar com precisão os desdobramentos econômicos ligados à restrição do fluxo de pessoas e o consumo de commodities. Similarmente, o câmbio foi afetado tanto pela reforma da Previdência, que aborda a situação fiscal periclitante do país, quanto pela 'dança das cadeiras' envolvendo a exoneração de ministros do governo.

Outro fator determinante para a apreciação do câmbio é a política monetária. Caso os dados apurados da economia brasileira sugiram a necessidade de novos estímulos, o Comitê de Política Monetária (COPOM) pode determinar uma redução nas taxas ainda maior. Com essa diminuição na SELIC, a diferença entre os juros brasileiros e americanos chega em patamares históricos mínimos. Nesse cenário, o risco de investir no Brasil não é recompensado por uma assimetria ínfima entre as taxas, e o investidor opta, pois, pela segurança.

Portanto, mapear o comportamento do dólar não é exatamente tarefa das mais simples. O investidor atento ao mercado de câmbio deve levar em consideração um série de variáveis, e traçar a correlação entre os diversos fatores de risco.