TL;DR: provavelmente não!

Recentemente, a cotação do Bitcoin renovou a máxima histórica com a notícia que a Tesla investiu cerca de 1,8 bilhões de dólares na aquisição da criptomoeda. Naturalmente, esse tipo de movimento causa grande comoção na mídia especializada e é recebido com alarde pelos entusiastas em mecanismos alternativos e não regulados de reserva de valor.

Do ponto de vista do acionista, no entanto, esse tipo de investimento é vantajoso? A resposta simples é não. Mesmo que o valor desprendido seja pequeno considerando o total disponível em caixa, se o montante utilizado para aquisição do criptoativo estava ocioso, a melhor alternativa seria a distribuição desse valor aos sócios em forma de proventos, que então tomariam a decisão do caminho ideal para reinvestir o dinheiro.

Mesmo considerando a supervalorização da quantia investida em um curto invervalo, esse valor fica sujeito a marcação a custo no resultado, logo não sensibilizará nenhum demonstrativo até a sua efetiva liquidação. Em caso de desvalorização, contudo, os valores são impactados pela imparidade. Para fins de resultado, portanto, o upside é difícil de reportar.

Por fim, temos a questão da custódia do criptoativo em tesouraria. Operações no mercado bancário e de capitais são facilmente rastreáveis e, em muitos casos, passíveis de serem revertidos. No âmbito das criptomoedas, tanto a segurança de custódia, quanto a utilização em si dos valores acabam dependendo de procedimentos mais sensíveis a falhas, o que se tratando de valores bilionários pode ser uma fragilidade grande para a empresa.