Previdência privada: vale a pena fazer?

Previdência privada: vale a pena fazer?



TL;DR: não!

Ainda que os planos de previdência representem a categoria de produtos das mais comercializadas no mercado financeiro, há grande desinformação a respeito de seu funcionamento, começando com a nomenclatura utilizada. “Previdência privada”, embora bastante comum, não é tecnicamente adequada quando se tem em mente planos de previdência aberta. A rigor, planos de previdência privada são oferecidas apenas por Fundos de pensão, mas não a qualquer pessoa. Essas instituições privadas normalmente prestam serviço a determinada empresa que oferece esse complemento à renda para seus funcionários.

Dessa forma, a expressão correta seria “previdência complementar aberta” em vez de “previdência privada” exatamente porque é facultada a qualquer investidor interessado, e tem como objetivo principal gerar renda complementar à aposentadoria oficial do governo e, para alguns, à aposentadoria gerada por fundos de pensão (ou, literalmente, à “previdência privada”). A previdência complementar aberta em nosso país é supervisionada pela Susep e tem os planos conhecidos pelas siglas PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) como maiores representantes. Já os fundos de pensão (previdência complementar fechada) são supervisionados pela Previc.

Passados esses conceitos iniciais, resta a dúvida: essa forma de investimento é vantajosa? A resposta simples é não, e há diversas razões para não aderir a esse tipo de instrumento. Conforme abordado em artigo anterior e frequentemente mencionado, fundos de previdência cobram diversas taxas que, no longo prazo, têm um efeito deletério enorme no patrimônio do investidor. A título de curiosidade, o total gasto com essas fricções por mais de trinta anos pode facilmente ultrapassar toda a rentabilidade do período, ainda que seja expressiva. Em outras palavras, o gestor enriquece e te oferece uma pequena parte desse valor em troca.

Além disso, o suposto benefício fiscal concedido aos planos PGBL, amplamente divulgado na mídia como fator decisivo para a contratação desse instrumento, não é uma isenção, mas um diferimento. Ou seja, somente posterga o imposto de renda a pagar sobre o montante investido no plano para o futuro. E com um grande porém: a tributação final incide sobre todo o patrimônio e não apenas sobre a rentabilidade. Nesse momento, o leitor percebe que o valor de todas as devoluções que teve no ajuste anual de imposto de renda a título de investimento em previdência privada ficará bem aquém do percentual a ser retido no momento de saque da quantia investida, ao término do período contratado. A ilusão de que o governo, sempre tão sedento por dinheiro, concederia algum arranjo em que não fosse o maior beneficiado no final.

Similar ao que propusemos no artigo anterior sobre consórcio , se o ávido investidor ainda não está convencido dos pontos negativos em contratar esse tipo de instrumento, segue uma relação de tópicos para reflexão:

  • Risco de liquidez: o pequeno investidor tem dificuldade em entender que a liquidez (facilidade de resgatar os valores contratados) é medida inversa do risco. Se o ativo é ilíquido, como a maioria avassaladora dos fundos de previdência, o risco já é desproporcionalmente alto desde o começo;
  • Conflito de interesses: bancos, seguradoras ou financeiras gerem os planos (ou tem influência direta sobre quem gere), logo, se for vantajoso, podem utilizar o patrimônio acumulado do fundo como aporte ou empréstimo para si mesmos;
  • Investimento em valor: fundos de previdência não tem como objetivo investimento em valor . Como o público alvo costuma ser leigo e pulverizado, há um favorecimento em aportar em ativos de baixa volatilidade (passando assim uma sensação de tranquilidade, ou “devagar e sempre”), o que é desastroso quando projetamos retornos de décadas a frente;
  • Não há almoço grátis: não existe nenhuma instituição que lhe dará dinheiro por bondade e ainda vai geri-lo muito bem. O melhor gestor do seu dinheiro é, e sempre será, você.

investo!

O investo! consolida seus investimentos, informando o valor atualizado do seu patrimônio e a rentabilidade histórica
da sua carteira, além de auxiliar na declaração anual de imposto de renda e emissões de DARFs para ganho de capital.

Juntamos tudo em um único lugar para que você consiga acompanhar a performance dos seus investimentos de forma intuitiva e descomplicada 🙂.